quarta-feira, 25 de julho de 2012

Hölderlin IV

Hölderlin IV

Wellington Trotta


Despertai, poetas, despertai os que ainda
Estão dormindo, daí-nos leis, daí-nos vida.
                                                     Hölderlin


Toda cultura nasce da pena do poeta,
Seus versos recortam almas como seta,
Evocando cada uma para suprema meta.

Ele é herói por inteiro,
Seu sangue transborda do tinteiro
Pelo papel como suor derradeiro,

Batalha pela urgência da vida,
Reclama a lei que está escondida
Sob véu ideológico de sórdida mentira.



sexta-feira, 13 de julho de 2012

Hölderlin III


Hölderlin III

Wellington Trotta

Estarei contente, mesmo se minha lira
Não me acompanhar na morte; uma vez
Vivi como deuses, e mais não preciso.
                                     Hölderlin


                                                                      
Não levarei nada desta existência,
Deixarei tudo na imanência.
Enquanto parto à transcendência,
Lambuzem a farta indigência.

Não sei qual mundo aportarei,
Que importa, apenas viverei.
Espero somente vida sem lei,
Fartamente nela me embriagarei.

Igual ao poeta, pouco preciso,
Talvez o sol, quem sabe um sorriso.
Navegarei sobre as luzes de um rio,
Assim como o outro, isso é preciso,


domingo, 8 de julho de 2012

Hölderlin II


Hölderlin II

Wellington Trotta

“Entendi o silêncio do Éter,
As palavras dos homens jamais entendi”
                                              Hölderlin


No silêncio se ouve o som da poesia.
Sem boca, sem voz, sem parca alegria.
Ela se faz presente em cada dia a dia,
Basta abrir o peito e sentir sua folia.

A loucura das palavras é posta à filosofia,
O emaranhado pensamento sorri para poesia.
Não que deboche delas, ao se perder na fantasia,
Nas duas esferas, porém, uma pensa, outra cria.

Os homens falam, falam e nada dizem,
Buscam um soneto, uma melodia, só fingem.
Ao “louvarem” a reflexão, vivem na vertigem,
Nesse passo a autocrítica é um vale virgem.





terça-feira, 3 de julho de 2012

Hölderlin I



Hölderlin I

Wellington trotta


"Mas a nós foi-nos dado
 Não repousar em parte alguma”
                                     Hölderlin

O descanso não é permitido,
Apenas o trabalho exigido.
Nos dias vive com único sentido,
Lutar como dever cumprido.

Aos comuns o tempo passa,
O inquieto ao destino se amassa.
No fogo em que o eu se assa,
O cosmo inteiro a ele se enlaça.

Não há mistério para o labor,
Assim como inexiste o tolo furor.
Para o altaneiro desafio à dor,
O inquieto vive profundo amor.

Canta o presente como futuro,
Não espera, conquista o mundo.
Consigo, não houve o túmulo,
Renova o passado a todo segundo.