quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Razão?

Razão

Wellington Trotta 

O que é a razão?
Em que medida se constitui premissa de verdade?
Essas inquirições constituem
O cerne do pensamento mistificador,
O centro do intelecto que auto-ambiciona
Ser à base do racionalismo-essente,
Ou se se quiser, a racionalidade que pretende
Como, varinha de condão, dar conta de toda
Complexidade dos problemas humanos.
Afirmo, soberbamente, que todo discurso racional
Não passa de alegações religiosas.
Pensa bastar-se a si mesmo como único
Critério de verdade absoluto para si mesmo.
A razão pode ser tudo, menos racional.
Se a razão fosse sinônimo de bom senso,
Se razão fosse condição de verdade, com certeza,
Estaríamos condenados ao inferno de nós mesmos,
Aos últimos dias da eternidade que se extinguiria.
A razão constitui um discurso de dominação,
Impondo ao dominado uma forma de pensar
Ilusória que o absorve como autossubordinação.
Razão e moralidade são dois substantivos tão abstratos
Que ninguém sabe os seus respectivos conteúdos.
Razão e moralidade são duas faces da mesma moeda
Ao que chamo de dominação pela emoção,
Cuja adoção, pelo dominado, torna-o superior
Nas suas impressões fantasmagóricas.
Sinto muito pela maneira como escrevo,
Enfático e num tom de maestria.
Pode parecer, mas não é verdade, é apenas um discurso
Contra outro que se diz estar de posse
De uma superioridade porque se julga excelso.
Alegação do argumento onde impera a incapacidade
De assumir a complexidade do inesperado.
Sua racionalidade é divina para aqueles
Que se julgam superiores ao adotarem
Supostos critérios objetivos de análise.
Mas esse discurso racionalista-objetivo
É tão subjetivo como o próprio crepúsculo do poeta.
Cômica sua razão, tão subjetiva como todo sentimento.
Razão é instrumento do nada medindo coisa nenhuma,
Qualquer semelhança entre razão e vazio é soma zero,
E zero multiplicado por mil é zero, indubitavelmente.
Sua razão não explica nada e cerceia tudo.
Sua razão não entende nada e obstruí a si mesma.
Sou a consciência do sentimento baforando
Um grito de liberdade sobre essa razão terrível
Que atordoada socorre-se da MORAL,
Objetivando resolver o impossível,
Subsistindo apenas enquanto supressão:
Uma incapacidade de anunciação do em si,
Para si, além de si mesmo.
A moral de suas alegações é qual
Sua razão, tão objetiva que soa sinicamente.





2 comentários:

Cris de Souza disse...

lembrei do chico: " haja duaz vezes antes de pensar..."

evoé!

Wellington Trotta disse...

Olá Cris.
Bem humorada e inteligente sua observação, pois está mais para Epimeteu do que Prometeu, rs.
Um abraço, Trotta.