quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Sem despedida

Sem despedida

Poema da amiga Lara Amaral de Brasília


amigo, to ouvindo aquela música
que você me disse que ouviria ao se matar
ainda não me veio a coragem
mas a música serve para me lembrar de você

minha mãe abriu minha janela pela segunda vez hoje
disse que preciso de ar
e preciso mesmo
preciso mais do que esse que já respirei
expirado por todo mundo
mas se não encontro
o do quarto fechado há de servir

estava aqui cutucando meus pensamentos
em vários deles você aparece
sempre tentando me incentivar
com seu ar melancólico
com suas morais-da-história
tão cheias de suas tristezas

pareço tanto com você
um pouco mais de cabelo
de bochechas
e nenhuma vontade de existir

amigo, não me mande notícias daí
quero ir embora
mas só se você não me responder
só se eu souber
que o fim é o fim mesmo.



2 comentários:

Wellington Trotta disse...

O meu comentário está pressuposto no poema. Lindo.

Trotta.

Anônimo disse...

Obrigada, amigo!

Apesar de este ter sido um dos poemas meus que menos gostei, ele se auto-intimou para ser publicado, ficou me enchendo a cabeça e precisei fazê-lo. Que bom que muitas pessoas receberam bem, com a intenção do desabafo e reflexão que ele carrega.

Beijo, querido.